27 abril 2010

Clássicos Contemporâneos




Cultura Material

Destinados a desafiar o tempo... e os modismos.
Entra em cena a nova geração do mobiliário que vem substituir as coleções criadas há quase 100 anos por grandes mestres, e hoje reconhecida como pertencente ao modernitariato. Os exemplos do design criado no início do século XX, embora belos, de tão copiados já saturaram o mercado. Nós apostamos nos clássicos do nosso tempo.

ARC Design
nº69, pág.12
Fev/Mar - 2010
Por Maria Helena Estrada.

Novos clássicos estão surgindo no universo da casa. O artigo reforça a necessidade do novo clássico, no Brasil e no mundo. A proposta de renovação do mobiliário urbano surge em detrimento ao aposento das coleções que atravessaram quase 100 anos e encontram-se desgastados por tantas cópias e adaptações e cosequentemente perderam seu charme. Isso não quer dizer que tenhamos que romper com o passado. As antigas referências são fundamentais para o desenvolvimento de soluções atuais buscando imprimir novas formas.
A clonagem de modelos e projetos assim como perseguir tendências ou modismos caracterizam a data de "validade" dos produtos. A busca pela inovação, através de novas soluções tecnológicas ou formais e a descoberta de novos suportes e materiais, também são fatores que condicionam a permanência deste produto no mercado.
As novas propostas surgem não só no Brasil, mas no exterior. Com amadurecimento, traço firme e original, o Brasil compete em condição de igualdade com o mercado exterior neste processo de renovação. Sérgio Rodrigues e sua poltrona DIZ, Guto Índio da Costa e seu ventilador SPIRIT, e a banqueta R540, criada pela Estúdio Fetiche Design, participam deste processo. Apresentam projetos que sugem para ficar. A qualidade total é controlada até o fim do processo, garantindo a permanência destes produtos no mercado. Olhando para nova geração como de Zanini de Zanine, Mendes e Hirth e Marcelo Rosenbaum, percebemos traços de potenciais candidatos a um posto de "Clássicos do Design", por conta da independência de seus projetos. projetos originais e inovadores que se apropriam de novos materiais para atingirem novas formas.

Moda e Design: A união perfeita



É Minuncioso e atento às tendências o trabalho de planejamento de cada nova coleção naTok & Stok.
Satisfazer a um vasto mercado, a várias faixas de poder aquisitivo, em todo o Brasil, exige mais do que pesquisa. É preciso ter "faro", é preciso estar antenado ao que se passa no mundo.
A Tok & Stok assume a vanguarda de uma forte tendência contemporânea ao convidar o estilista Alexandre Herchcovich para criar produtos utilitários de uso cotidiano.
Herchcovich, famoso por seus desenhos inusitados que decoram camisetas, transpõe esse grafismo para copos, canecas, pratos e tigelas.

ARC Design
nº44, pág 34 e 35
Publicação Editorial
Tok & Stok
Relacionar estampas com produtos e objetos é inovação, exige planejamento e muita pesquisa. Alexandre Herchcovitch, ao aplicar florais na pintura externa de pratos e pires e criar canecas com símbolos típicos do estilista, ultrapassa os limites convencionais. Cada coleção é representada por uma estampa. Hoje em dia, a decoração é um dos meios mais utilizados por designers como forma de despertar a atenção para a superfície dos objetos. Faz parte dos projetos de design e lançamento de coleções de moda o apelo emocional e a necessidade do consumidor de se reconhecer nas roupas e objetos que consomem. A união entre a moda e o design estimula a relação entre o produto e o consumidor e consequentemente aquece o mercado garantindo maior satisfação e questões que vão além da forma.

20 abril 2010

Designer de moda ou Estilista?
Pequena reflexão sobre a relação entre noções e valores do campo da arte, do design e da moda.

CHRISTO, Deborah Chagas. Designer de moda ou estilista? Pequena
refl exão sobre a relação entre noções e valores no campo da arte, do design
e da moda. Artigo. IN: PIRES, Dorotéia Baduy (org.). Design de Moda
Olhares diversos; Barueri: Estação das Letras e Cores Editora, 2008.

Prof. MSc. Deborah Christo

Graduada em Desenho Industrial pela ESDI. Mestre em Design pela PUC. Atua no mercado como designer gráfico, e em projetos de conceituação de marcas. Expositora em congressos e simpósios. Seu interesse em pesquisa concentra-se na aplicação da COR no design de produto e gráfico, e a relação entre arte e design. Docente nos cursos de graduação e pós-graduação na Faculdade SENAI/CETIQT.

A autora claramente nos convida a refletir sobre as questões que fundamentaram toda a história do design e sua relação com movimentos sociais, com períodos de extrema importância para a relação de consumo e com a evolução tecnológica que todo este percurso. Nos leva, ainda, a interpretar as considerações feitas com relação ao que é arte, ao que é design, quais as diferenças essenciais entre estilista e design de moda, entre artista e artesão e de qual o papel do design em todo este contexto.
Demonstrando conhecimento do assunto, inicialmente cita questões acadêmicas e curriculares que limitavam o campo de atuação do design de moda.
A relação que existe entre as características do design de produto e algumas noções pertinentes ao campo da moda é levantada acertadamente pela autora. Ambos fundamentam seus projetos com inovação, multifuncionalidade, estilo etc. Soluções funcionais com a forma ideal.
Outro ponto bem defendido no artigo é a criação desprendida totalmente da funcionalidade, produtos que visam simplesmente o estilo, buscam incentivar o consumo e fomentam a fugacidade das criações.
A análise feita da relação entre o estilista e o design de moda demonstra que a autora acredita em um enfoque artístico (subjetivo) do primeiro e puramente comercial (objetivo) do segundo. Neste aspecto, há que se verificar que não se pode retirar por completo a característica artística fundamental para ambos.Em certa parte do artigo a autora se prolonga em aspectos históricos, remontando ao séc. XV e chegando até os dias de hoje, não deixando de citar a visão de Bourdier e sua “ teoria pura de arte” que traz o artista como criador e gênio e o vincula apenas à arte. Por outro lado cita o discurso de Maldonado que entende o design como atividade de planejamento, importando-se com os materiais, custos e principalmente com a produção, ou seja, um olhar pragmático e cientifico que vai de encontro à visão de design como arte.Cita também Rafael Cardoso que defende os objetos como formas de suprir não só nossas necessidades objetivas mas também subjetivas. Objetos carregados de significados variáveis dentro do contexto, vistos como mais que simples estruturas funcionais. Por fim, a autora não deixa de enfatizar o valor indiscutível do projeto, fundamental para a produção, sem desprezar, no entanto, o fato de que a arte é essencial para a inovação e busca pela superação de velhas formas. Talvez por isso, os designers sejam vistos como artistas de talento e suas criações ganhem valor de verdadeiras obras de arte.
Conclusão
A autora atinge com sua análise os diferentes campos de atuação do design e possíveis definições. Aborda conteúdos relevantes, especialmente conceitos de design que estão cada vez mais inseridos no universo da moda. Por conta do design estar inserido no campo das artes, adota características que influenciam a sua estrutura e na forma como ele é percebido pela sociedade. Cita também a forte influência modernista sobre o design no Brasil, levanta questões formais e funcionais, que por tempos afastaram o design da arte e de conceitos relacionados à moda.

BOMFIM, Gustavo Amarante. Idéias e formas na história do design: uma investigação
estética. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1998.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 1999.
COZA. Disponível em: http://www.coza.com.br. Acesso em: 28 ago 2006.
DENIS, Rafael Cardoso. Uma introdução à história do design. São Paulo: Edgard Blucher, 2000.
DENIS, Rafael Cardoso. Design, cultura material e o fetichismo dos objetos. In: Arcos. Design, cultura material e visualidade.Rio de janeiro, vol. 1, nº único, p.14-39, out.,1998.
FIELD, Charlotte; Field, Peter. Design do século XX. Koln: Taschen, 2001.
HAUSER, Arnold. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
TEIXEIRA, José Carlos Bonzi. Genese do Campo do Design no Brasil.1997. Dissertação (mestrado em design) – Departamento de Artes e Design, PUC-RJ, junho de 1997.
WOLFF, Janet. A produção social da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1992.

Estampas